sábado, 13 de setembro de 2008

"Peace by peace, can we build our own small sky"



Construída sobre uma fotografia de Lisboa à noite (tirada do extinto "O Independente") e de uma outra imagem saída anónima da minha errância "piscatória" pelas "poubelles" suburbanas, é uma das minhas colagens preferidas que não resisto a reinserir aqui pelo puro gozo que me dá re/vê-la.
Estão aqui, estão (talvez) nela, os grandes fundamentos ou os 'alicerces' específicos do "collage" ideal (se o há): a ausência premeditada, cirúrgica, de lógica espacial (a subversão educada da disciplina---ou da tirania?...---da "razão perspectivista"; a sugestão permanente (idealmente inquietante) do vazio e da vertigem que essa "substracção" estratégica da perspectiva (leia-se: essa deliberada/cuidada fuga à pesada tirania da "racionalidade" excessivamente cartesiana) induz; o registo subliminar de insolubilidade (ou de solubilidade em exclusivo na própria insolubilidade, isto é, de unidade dialéctica ou supraorgânica da própria multiplicidade como tal. Ou seja, ainda: a imagem (e a aceitação!) do "real heteronímico"...); tudo isso está (volto a dizer: talvez) aqui no rapaz que vem de outra dimensão e nela, afinal segue sempre evolucionando (será um... anjo? Anunciando o quê? A paz? A necessidade da Paz?); o rapaz mergulhado nas suas reflexões, o rapaz cuja "luz" rivaliza com o próprio luar (estará realmente ali? Será tão somente "simultâneo" com tudo aquilo mas ignorante afinal daquilo?) . ESxistirá mesmo? Ou somos nós quem asim o deseja e o re/projecta sobre a própria noite, deansiando porque a quietude e a silenciosa beleza da mais bela cidade do mundo extravazem do puro plano visual, espacial (que é por natureza indiferente a tudo) e se convertam magicamente numa qualquer consciência individual e colectiva da urgência de trazer essa, já então sábia, quietude e essa prodigiosa mas fria beleza negra e funda para o plano das relações entre os indivíduos?...
Mas, se assim é (ou se assim pode ser) porque ficou a palavra "paz" incompleta?
Porque congelou ou coagulou numa forma permanentemente imperfeita e insuficiente de si?...

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