segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Quem És tu?"



Pessoalmente, considero o "Quem És Tu?" de João Botelho um dos mais rigorosos (e esclarecidos!) filmes que conheço.

Considero-o "rigoroso" no (óptimo!) sentido em que muito pouco nele é acidental--e muito menos gratuito. Quando se ouvem (quando se... "ouvêem") os comentários do realizador e o próprio filme em simultâneo, percebe-se, então, clatramente a "relojoaria" "daquilo tudo asim como, por trás, a nobilíssima intenção de estimular tanto o sentido estético como uma ideal 'inteligência da História nacional' que na maior parte dos casos falta--e falha.

Quando passámos o filme, quis fazer dele um "Programa" que idealmente captasse esse carácter xadrezístico profundamente inteligente e o que consegui foi conceber a que aqui se junta onde tentei representá-lo através de um conjunto de referências (ou referencialidades)-peças--quasrados ou falsos cubos ideocromáticos que desloquei continuamente antes de obter o efeito desejado mas que gostaria que pudessem ser vistos como que abstractamente deslocando-se, mudando reciprocamente, eles mesmos, de forma autónoma, um após outro, de posições relativas e sugerindo, desse modo, precisamente uma cabeça pensando...

Reposicionando continuamente ideias, representações, conceitos, impressões.
Ideias feitas e mitos, reflexões e contínuas re/descobertas críticas de si e dos outros.

Do Outro.

Do outro que em cada um que cada um de nós, portugueses, na maior parte das situações em que se vê envolvido, invariavelmente é.

Do País inteiro com as suas taras, as suas obsessões, os seus fantasmas, as suas cobardias individuais e colectivas mas também os seus heroísmos se realmente os houve--e no lugar m que nos dizem tê-los havido...

Uma alternativa (consideravelmente mais negra...) de capa poderia ser esta outra onde os rostos referenciais (referenciando ideias que se re/combinam continuamente entre si) constituem uma espécie de sequência possível, tentativa, hipo/tética que culmina no quadrado negro sugerindo o desconhecido--senão a própria Morte: o tema nuclear de "Frei Luís de Sousa" de Garrett, i.e., a Impossibilidade objectiva ou objectual final ("en fin de partie"...) do País.

"Capa para o programa do Cine-clube com o filme «Quem És Tu?» de João Botelho"

Ver "entrada" seguinte.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

"Uma «gracinha»..."

Para a sessão do "Cine-clube na Biblioteca" com o "Quem És Tu?" do João Botelho (de que falo com mais pormenor no "Quisto...", elaborei também esta "interpretação" do tema central da película (a "decomposição" ou "desintegração sebastiânica" da História nacional) com recurso , desde logom, à Obra de um dos meus três ou quatro pintores "de cabeceira": Francis Bacon, o mais escatológico, sangrento e beckettiano dos artistas plásticos.

domingo, 23 de novembro de 2008

"Dunas"

"Dunas" faz parte de uma série baseada em três fotografias de Evelyn Kahn. A ideia central que atravessa a pequena série é a do "deserto": a de um "deserto" exterior (não isento de um certo encanto nostálgico e brumoso, vagamente feliz na aceitação melancólica---tão portuguesa!---da inevitabilidade da própria fatalidade); um deserto capaz, ainda assim, nos seus melhores momentos de reflexão e inclusive de auto-reflexão e a de um outro "deserto" completamente interior de onde emergiram, apesar do imobilismo inerente à aceitação nacional típica, quase cúmplice, do Inevitável, coisas intelectualmente tão estimulantes como a Obra de Pascoais, a de Sampaio (Bruno), a de Álvaro do Carvalhal, de Manuel Laranjeira e a de António Patrício, a de Antero, claro, ou ainda a(s) dos Pessoas.
Sem esquecer a que recolhe toda a amarga e desesperada jovialidade do o'neillismo/onirismo que, de algum modo, as tem todas em si.
A figura sentada é de uma tela neo-realista de...Pomar?
(Será?)

"Il Deserto Rosso"

A foto de onde tudo parte e onde tudo assenta é de Evelyn Kahn.
O grupo à esquerda de Juan Muñoz.
Quanto aos detalhes do "collage", estão no meu outro blog, "O Quisto Didáctico" [http://oquistodidactico.blogspot.com].

"A Feira Depressiva e Cabisbaixa"


(Sugiro uma visita ao meu "Quisto Didáctico" onde discorro um pouco sobre a "estória" desta "Feira")

domingo, 2 de novembro de 2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"Affiche de Commerce"

Um "collage" que deve tresandar positivamente de ódio contra as "lavagens ao cérebro" da publicidade...

"Silhouette22"

"La Vita É Contagiosa"

Uma breve visita pessoal aos demónios da (geo) política...

"A Máquina da Expressão" (sobre um quadro de Edward Hayes, "Limbo")

Ainda (e sempre!) a velha obsessão pessoal que partilho (de resto, com particular orgulho) com Chaplin e Tati: a luta entre a consciência (havendo quem lhe chame também "alma" ou mesmo "a alma") e as respectivas decomposições, entre elas, muito em especial, as que derivam a sua in/essência da técnica.
Da demasiada técnica, em todo o caso.

"O Homem Em Estado Líquido"


"Looking Into Things, Being Them Sometimes, Pissing On Them Others..."


Gosto dos tons, em especial se colocados em interacção com os imagem anterior.

"Jacob e o Anjo"

"Jacob e o Anjo" é uma homenagem sentida a um dos meus Artistas favoritos: Paula Rego.
A ela e aos seus fantasmas, aos monstros sub- (ou semi-?) conscientes, à sombra omnipresente do Mal que povoam toda a sua (esplendorosa!) Obra.

"El"

Outro tributo a Buñuel, o Buñuel excessivo e seminal da fase surrealista.
Outro trabalho realizado a 24.09.08.

"Niebla" ("El Mundo Envuelto En Nada")

Uma homenagem a Buñuel e, de algum modo, também, plural e muito diferentemente, a Unamuno (Autor de "Niebla"), a Ionesco (que escreveu "Rhinocéros") a Ingmar Bergman (realizador de "O Ovo da Serpente") e a Philip Kaufman (que realizou "The Invasion Of The Body Snatchers", uma espécie de remota versão cinematográfica de "Rhinocéros") .
"Collage" datado de 24.09.08.
Pretende, obviamente (obviamente, depois do que atrás deixo dito!) ser um sério aviso a propósito do terror nazi.
Parte de uma fotografia de autor (para mim, infelizmente...) desconhecido e de um monstro extraído (suponho) de "Thriller", um video-disco com música de Michael Jackson.

"Don Giovanni"


"Collage" realizado a 24.09.08. Cronologicamente, o mais recente. Realizado sobre uma fotografia de Jan Bortkiewicz, fotógrafo polaco.

sábado, 20 de setembro de 2008

"Pauvre Cécile" ou "Help Me Reach The Stars!"



O título é (quase) o de uma crónica de ? (que não li, confesso...). Do restante apenas posso dizer que provémdesse acervo amplo e indeterminado (o lixo...) de onde provêem muitos dos materiais de que usualmente me sirvo para "colar".
Quanto ao 'objecto' em anexo (que este também para chamar-se "Com a Tua Ajuda Atingirei O Céu..."), gosto, confesso.
["Collage" realizado a 22.09.08]

"O Espírito do Tempo"

Um "collage" realizado no dia 22.09.08 e que me agrada particularmente. Pelo rosto (a boca definitivamente marcada pelo Tempo e admissivelmente também por algum fatalismo: é possível supor que sim); pela inquietante (pré- ou para-) mineralização do rosto induzida pela "máscara" (onde é possível "ver", por exemplo, um eco do motivo simbólico do "convidado de pedra" (ou seja, da imanência discreta da Morte), do D. Juan---que, por sua vez, nos remete para António Patrício e para uma omnipresente, difusa, sugestão de "fim".
É, a meu ver, muito forte a sugestão da alienação subtil da própria condição humana---o cinzento pétreo da "máscara" apoderando-se do que era carne e sangue e cor: vida.
Trata-se de um motivo recorrente no filme "de terror": o corpo assediado, invadido, apoderado pelos seus próprios atributos, a matéria de que é feito impondo-se como um facto consumado e final às nossas representações dela. às representações teóricas ou nmesmo sensíveis dela através da qual imaginávamos, como indivíduos mas também como cultura(s), tê-la definitivamente persuadido a obedecer a esses mesmos arquétipos e paradigmas eóricos que lhe pretendíamos impor.
No rosto da figura abaixo, seguramente, a serena, austera, firme impassibilidade de quem aceita estoicamente uma morte, um fim, que já reconhecivelmente se iniciaram.

"O Silêncio dos Inocentes"

Sempre me pareceu (é isso que "digo" neste "colage" que é, cronologicamente, o mais recente) que a mais exacta maneira de representar um "inocente", hoje-em-dia, é na forma de um manequim (algo que releva seguramente muito mais da "objectualidade" do que da "pessoalidade" como sinal de lucidez e esclarecimento) encimado, "à Picasso", por uma cabeça de burro. Sobretudo, se esta não for a de um asno real mas da representação completamente inerte de um e tiver no rosto, nos olhos, uma expressão de patéticas tristeza e conformismo...

Tudo coisas que este "collage" reporta fielmente...