quarta-feira, 24 de setembro de 2008
"Affiche de Commerce"
Um "collage" que deve tresandar positivamente de ódio contra as "lavagens ao cérebro" da publicidade...
"A Máquina da Expressão" (sobre um quadro de Edward Hayes, "Limbo")
Ainda (e sempre!) a velha obsessão pessoal que partilho (de resto, com particular orgulho) com Chaplin e Tati: a luta entre a consciência (havendo quem lhe chame também "alma" ou mesmo "a alma") e as respectivas decomposições, entre elas, muito em especial, as que derivam a sua in/essência da técnica.
Da demasiada técnica, em todo o caso.
"Jacob e o Anjo"
"Jacob e o Anjo" é uma homenagem sentida a um dos meus Artistas favoritos: Paula Rego.
A ela e aos seus fantasmas, aos monstros sub- (ou semi-?) conscientes, à sombra omnipresente do Mal que povoam toda a sua (esplendorosa!) Obra.
A ela e aos seus fantasmas, aos monstros sub- (ou semi-?) conscientes, à sombra omnipresente do Mal que povoam toda a sua (esplendorosa!) Obra.
"Niebla" ("El Mundo Envuelto En Nada")
Uma homenagem a Buñuel e, de algum modo, também, plural e muito diferentemente, a Unamuno (Autor de "Niebla"), a Ionesco (que escreveu "Rhinocéros") a Ingmar Bergman (realizador de "O Ovo da Serpente") e a Philip Kaufman (que realizou "The Invasion Of The Body Snatchers", uma espécie de remota versão cinematográfica de "Rhinocéros") .
"Collage" datado de 24.09.08.
Pretende, obviamente (obviamente, depois do que atrás deixo dito!) ser um sério aviso a propósito do terror nazi.
Parte de uma fotografia de autor (para mim, infelizmente...) desconhecido e de um monstro extraído (suponho) de "Thriller", um video-disco com música de Michael Jackson.
"Don Giovanni"
sábado, 20 de setembro de 2008
"Pauvre Cécile" ou "Help Me Reach The Stars!"
O título é (quase) o de uma crónica de ? (que não li, confesso...). Do restante apenas posso dizer que provémdesse acervo amplo e indeterminado (o lixo...) de onde provêem muitos dos materiais de que usualmente me sirvo para "colar".
Quanto ao 'objecto' em anexo (que este também para chamar-se "Com a Tua Ajuda Atingirei O Céu..."), gosto, confesso.
["Collage" realizado a 22.09.08]
"O Espírito do Tempo"
Um "collage" realizado no dia 22.09.08 e que me agrada particularmente. Pelo rosto (a boca definitivamente marcada pelo Tempo e admissivelmente também por algum fatalismo: é possível supor que sim); pela inquietante (pré- ou para-) mineralização do rosto induzida pela "máscara" (onde é possível "ver", por exemplo, um eco do motivo simbólico do "convidado de pedra" (ou seja, da imanência discreta da Morte), do D. Juan---que, por sua vez, nos remete para António Patrício e para uma omnipresente, difusa, sugestão de "fim".
É, a meu ver, muito forte a sugestão da alienação subtil da própria condição humana---o cinzento pétreo da "máscara" apoderando-se do que era carne e sangue e cor: vida.
Trata-se de um motivo recorrente no filme "de terror": o corpo assediado, invadido, apoderado pelos seus próprios atributos, a matéria de que é feito impondo-se como um facto consumado e final às nossas representações dela. às representações teóricas ou nmesmo sensíveis dela através da qual imaginávamos, como indivíduos mas também como cultura(s), tê-la definitivamente persuadido a obedecer a esses mesmos arquétipos e paradigmas eóricos que lhe pretendíamos impor.
No rosto da figura abaixo, seguramente, a serena, austera, firme impassibilidade de quem aceita estoicamente uma morte, um fim, que já reconhecivelmente se iniciaram.
"O Silêncio dos Inocentes"
Sempre me pareceu (é isso que "digo" neste "colage" que é, cronologicamente, o mais recente) que a mais exacta maneira de representar um "inocente", hoje-em-dia, é na forma de um manequim (algo que releva seguramente muito mais da "objectualidade" do que da "pessoalidade" como sinal de lucidez e esclarecimento) encimado, "à Picasso", por uma cabeça de burro. Sobretudo, se esta não for a de um asno real mas da representação completamente inerte de um e tiver no rosto, nos olhos, uma expressão de patéticas tristeza e conformismo...
Tudo coisas que este "collage" reporta fielmente...
"Rare Insight"
Este "Rare Insight" resulta de uma tentativa que, pessoalmente, considero apenas parcialmente conseguida. É claramente um trabalho para corrigir e a sua inserção nesta recolha deve vista, básica (e realmente!) como a de um esboço a ser ulteriormente trabalhado. Não deixa, ainda assim, de me agradar o efeito de policentrismo ou polipolaridade obtido e que, a meu ver, transmite uma sugestão de mistério e de inquietação que, volto a dizer, não deixa de me agradar.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
"Him"
Vivemos num País (e concretamente sob um governo) que ocupa o tempo em que não está a tramar alguém, algum sector da vida nacional com o qual pretende poupar mais uns tostões, está a erguer estátuas e a dedicar monumentos de toda a espécie a si próprio.
Asim sendo, porque não há-de este atemorizador anónimo ter também ele uma estátua, num não menos anónimo parque de uma Cidade Qualquer?...
"Primeval Chaos"
Este "collage" assenta numa velha fotografia (cuja origem, infelizmente, não registei: muitos destes materiais resultam, com efeito, de pesquisa feita em velhas revistas muitas vezes adquiridas---ou achadas---incompletas e "em ruínas") e num fragmento de um quadro de Da Vinci cujo título igualmente ignoro. Há, porém, na belíssima cor da vinciana presente no fragmento uma sugestão difusa de algo reptilíneo e aterrador e, simultaneamente semi-humano e cadavérico que, a meu ver, interage poderosamente com o negrume mineral, pétreo, do fundo.
"Vision"
Este "collage" resulta de uma "visão" que tive, em tempos, num museu em Sevilha.
É também um tributo prestado a Hitchocock e ao seu esplendoroso e definitivo "Vertigo", onde se reflecte (e de que prodigiosa maneira!) sobre as fragilíssimas em larguíssima medida inexistentes "fronteiras" entre a ficção e a realidade ou, talvez melhor, entre o desejo e a trágica impossibilidade de realizá-lo ou convertê-lo em 'obra'.
É também um tributo prestado a Hitchocock e ao seu esplendoroso e definitivo "Vertigo", onde se reflecte (e de que prodigiosa maneira!) sobre as fragilíssimas em larguíssima medida inexistentes "fronteiras" entre a ficção e a realidade ou, talvez melhor, entre o desejo e a trágica impossibilidade de realizá-lo ou convertê-lo em 'obra'.
Adicionalmente, opera também como um discurso lateral (ou mesmo "marginal") sobre os germes da fatal desintegração da inocência e da pureza absolutas, germes esses sempre latentes nestas, como descobriram Steinbeck (que sobre a tragédia em causa escreveu um notável "Of Mice And Men", que Gary Sinise cinematizou com um inesquecível John Malkovitch) e Graham Greene que completou um volume onde constava o fabuloso "The Third Man" como uma "coisa" verdadeiramente soberba intitulada "The Fallen Idol" (que, por vir onde vem é geralmente ignorado e que Carol Reed cinematizou, num filme injustamente pouco conhecido onde brilhava um ainda comparativamente jovem e muito graham-greeniano Sir Ralph Richardson).
Uma fotografia (ainda e sempre da velha "Polónia") e um rosto extraído de um folheto pornográfico forneceram-me (com óbvia ironia...) as ferramentas do 'objecto' que aqui ("for all it is worth") publico.
"Angelus"
Gosto de pensar que este "collage" é o "meu" Angelus. Seduz-me pensar, por exemplo, também que a grande mão que 'rasga' transversalmente o texto (foto)gráfico é a da Morte, transmitindo ao texto no seu todo a sugestão subliminar muito forte da efemeridade de 'todas as coisas humanas', por assim dizer.
A ideia de que ainda aqui estamos e já uma grande e ominosa, mortal, sombra começa a fazer descer sobre nós os efeitos de um lento e paciente (pesado!) labor envolvendo a tarefa de arrebatar-nos, primeiro à juventude, em seguida à inocência que nela e dela (só verdadeiramente dela, aliás!) se alimentava e, finalmente, à própria vida, como tal.
É, de qualquer modo, um texto plástico que me agrada e que gostei indiscutivelmente de ter feito (com uma fotografia da revista "Polónia" e um fragmento de, suponho, uma peça da Renascença, provavelmente italiana e ainda mais provavelmente de Da Vinci).
"La Pelle"
Nesta "collage" (muito antiga, de resto) pretendi evocar (ou, pelo menos, penso que pretendi: é sempre muito difícil explicar a nós próprios as nossas intenções nestas matérias...) menos uma obra homónima de Malaparte do que o filme (horrível!) que Liliana Cavani dele retirou.
Pessoalmente, devo dizer que dificilmente resisto a um filme "horrível". "Horrível", é bom esclarecer, no sentido exacto em que muitos Ferrerris, inúmeros 'Pasolinis' (a Trigologia do Prazer constituiu, como se sabe, uma esplendorosa excepção) ou a maioria dos Cavanis o são.
Sou mesmo levado, com frequência, a pensar que o grande contributo do cinema europeu para o património cinematográfico universal é a inteligência---sendo que o "horrível" visto por Pasolini, Murnau, Lang ou Ferreri constitui, de facto, uma forma particularmente evocativa e, sobretudo, intelectual (ou até mesmmo civilizacionalmente) estimulante de revelar inteligência.
O cinema (a indústria) norte-americana não sabe, decididamente, ser horrível nem compreende as potencialidades críticas e civilizacionais/civilizadoras do horrível.
Claro que, nos E.U.A. existem autores (como Carpenter, desde logo ou Tobe Hooper e Frank Marshall, entre diversos outros) que perceberam já, há muito, que com o horror se pode, de facto, a partir de uma lúcida atitude tão "off mainstream" e contra-cultural quanto industrialmente possível, organizar um discurso respeitavelmente crítico sobre o real, designadamente sobre inúmeros aspectos (ou taras?) associados à deprimente felicidade característica da "Suburbânia", a maior cidade do mundo, como é sabido.
Mas não é ainda o "horrível" 'à europeia'. Eu diria que são precisos séculos (talvez milénios) de verdadeira Cultura para se poder aspirar a sê-lo com a aguda e fértil, com a fecunda, consciência não apenas de sê-lo como, além disso e talvez sobretudo, das coisas importantíssimas que se podem pensar e dizer sendo-o com verdadeira arte e genuina consciência.
Há, por outro lado, especificamente neste "collage" (falando, agora, especificamente dele), a referência clara a uma autêntica 'obsessão' minha centrada no conflito entre o indivíduo, o corpo (como arquétipo e modelo/representação de todas as máquinas e súmula de "todas" as dinamias possíveis) e a máquina, enquanto disposityivo invasor destinado a roubar o lugar central, determinante, do indivíduo no habitat natural deste que é própria realidade.
A realidade como prática e experiência---como veículo electivo da essencial re/construção de si, seguramente.
"Nobody Knows My Name" ou "Those That See-II"
Esta "collage" (que é uma variante daquela através da qual evoco Beckett) impressiona-me particularmente pela qualidade da distorção introduzida no rosto do original. Há qualquer coisa de desespero (de desespero implorativo) no resuktado da sobreposição/distorção/subversão que, repito, me impressiona de um modo muito particular.
"Baroke Kirche"
Esta "collage" foi-me sugerida 'a posteriori' por uma viagem à Alemanha, à Baviera, designadamente a Ulm, Augsburg e Munique. Terá, porém, sido em Ettal (onde a impressionante Frau Linde praticamente não nos deixou parar um segundo e onde há uma igreja rocócó notável...) que colhi as impressões que aqui pretendi figuradamente evocar, agregando-lhe uns "toques" expressionistas a homenagear, também, o cinema alemão desse (impressivo) período, nomeadamentre os mestres Murnau e Lang, dois dos meus cineastas "de cabeceira".
sábado, 13 de setembro de 2008
"Peace by peace, can we build our own small sky"
Construída sobre uma fotografia de Lisboa à noite (tirada do extinto "O Independente") e de uma outra imagem saída anónima da minha errância "piscatória" pelas "poubelles" suburbanas, é uma das minhas colagens preferidas que não resisto a reinserir aqui pelo puro gozo que me dá re/vê-la.
Estão aqui, estão (talvez) nela, os grandes fundamentos ou os 'alicerces' específicos do "collage" ideal (se o há): a ausência premeditada, cirúrgica, de lógica espacial (a subversão educada da disciplina---ou da tirania?...---da "razão perspectivista"; a sugestão permanente (idealmente inquietante) do vazio e da vertigem que essa "substracção" estratégica da perspectiva (leia-se: essa deliberada/cuidada fuga à pesada tirania da "racionalidade" excessivamente cartesiana) induz; o registo subliminar de insolubilidade (ou de solubilidade em exclusivo na própria insolubilidade, isto é, de unidade dialéctica ou supraorgânica da própria multiplicidade como tal. Ou seja, ainda: a imagem (e a aceitação!) do "real heteronímico"...); tudo isso está (volto a dizer: talvez) aqui no rapaz que vem de outra dimensão e nela, afinal segue sempre evolucionando (será um... anjo? Anunciando o quê? A paz? A necessidade da Paz?); o rapaz mergulhado nas suas reflexões, o rapaz cuja "luz" rivaliza com o próprio luar (estará realmente ali? Será tão somente "simultâneo" com tudo aquilo mas ignorante afinal daquilo?) . ESxistirá mesmo? Ou somos nós quem asim o deseja e o re/projecta sobre a própria noite, deansiando porque a quietude e a silenciosa beleza da mais bela cidade do mundo extravazem do puro plano visual, espacial (que é por natureza indiferente a tudo) e se convertam magicamente numa qualquer consciência individual e colectiva da urgência de trazer essa, já então sábia, quietude e essa prodigiosa mas fria beleza negra e funda para o plano das relações entre os indivíduos?...
Mas, se assim é (ou se assim pode ser) porque ficou a palavra "paz" incompleta?
Porque congelou ou coagulou numa forma permanentemente imperfeita e insuficiente de si?...
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
"Stopping By The Woods On A Snowy Aferternoon"
"Composição"
Composição baseada na colagem "Art" (que, a seguir, se publica). Pretendem ambas, a colagem original como a "composição" que aqui se apresenta constituir uma reflexão plástica, visual, sobre a obscenidade que configuram a maioria das nossas formas... 'burguesas' de diversão quando (como, de resto, quase invariavelmente acontece) assentam na deliberada mi(s)tificação e, por conseguinte, na premeditada viciação da realidade a fim de tornarem esta última aceitável para um público que exige o pudor nas modalidades exteriores de tratamento narrativo do real mas que se recusa obstinadamente a interferir com o próprio real no sentido de mudar nele aquilo que é perverso e (ou porque) injusto.
É o caso das famigeradas "telenovelas" que dele, real, nunca deixam de dar uma imagem adocicada, a qual, por seu turno, se interpõe sempre, em última instância, por isso mesmo, entre os indivíduos e a possibilidade individual e colectiva de/da consciência: histórica, social, política e por aí fora.
Jdanovismo?
Não!
Simples consciência e respeito pela condição humana como tal!
Exprime-se, aqui, pois, tendo tudo isto presente, o desejo de ver em cada sala onde se ache uma televisão ligada para essas "coisas" absolutamente inqualificáveis que são os dramalhuços inimaginavelmente idiotas onde as irmãs, afinal, nunca são irmãs e onde se acaba descobrindo que os pais são tias e as tias, pais seja colocada uma parede de azulejo "à portuguesa" mas com uma "decoração" reveladora como aquela que aqui se propõe...
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)