
Outro possível exemplo de "significacionalidade instantânea" alocançada (ou, na pior das hipóteses
: alcançável) através do esforço plástico da imagem
. Isto é, onde no "
Hamlet" (
obviamente aqui "citado"
...) existia o diálogo impossível entre a Vida e a Morte que era, também uma representação objectiva, material, plástica, dos limites do poder e até do desejo humanos, há aqui (também, neste caso, digo
: muito
beckettianamente) uma tentativa de induzir, alternativamente, a expressão visual do (ou uma hipótese de expressão visual para) aquilo a que, a propósito de Beckett (do Beckett de "
Happy Days" ou de "
All That Fall", seguramente) chamo a "comédia ontológica"
. A saber muito sumariamente, um tipo de discurso ou mesmo de, um modo mais abstracto ou mais teórico, de
discursividade onde deixam de existir fronteiras reconhecíveis entre o vegetal e o animal (ou o humano!) e, de um modo muito particular, entre este o mineral
. A "cristalização" de Winnie em "
Happy Days",
pré-sepulta ou "
mineralizada" num montículo de terra como o escarninho "achatamento fónico" obtido em "
All That Fall" (significativamente passado, aliás, num lugar chamado "
Boghill" que poderíamos traduzir por "Monte-de-Lama", "de-Lodo" ou mesmo "de-Excrementos"---em alternativa
: o "pântano vertical") nada mais são do que exemplos ou
instâncias ficcionadas desta "comédia ontológica" que tão emblematicamente marca todo o discurso do genial criador de Godot
.
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