segunda-feira, 7 de abril de 2008

"À La Recherche d' Un Langage Commun"

Outro possível exemplo de "significacionalidade instantânea" alocançada (ou, na pior das hipóteses: alcançável) através do esforço plástico da imagem. Isto é, onde no "Hamlet" (obviamente aqui "citado"...) existia o diálogo impossível entre a Vida e a Morte que era, também uma representação objectiva, material, plástica, dos limites do poder e até do desejo humanos, há aqui (também, neste caso, digo: muito beckettianamente) uma tentativa de induzir, alternativamente, a expressão visual do (ou uma hipótese de expressão visual para) aquilo a que, a propósito de Beckett (do Beckett de "Happy Days" ou de "All That Fall", seguramente) chamo a "comédia ontológica". A saber muito sumariamente, um tipo de discurso ou mesmo de, um modo mais abstracto ou mais teórico, de discursividade onde deixam de existir fronteiras reconhecíveis entre o vegetal e o animal (ou o humano!) e, de um modo muito particular, entre este o mineral. A "cristalização" de Winnie em "Happy Days", pré-sepulta ou "mineralizada" num montículo de terra como o escarninho "achatamento fónico" obtido em "All That Fall" (significativamente passado, aliás, num lugar chamado "Boghill" que poderíamos traduzir por "Monte-de-Lama", "de-Lodo" ou mesmo "de-Excrementos"---em alternativa: o "pântano vertical") nada mais são do que exemplos ou instâncias ficcionadas desta "comédia ontológica" que tão emblematicamente marca todo o discurso do genial criador de Godot.

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