
Desde muito novo que percebi que, muito mais do que os "significados" que supostamente "carregam" consigo, as palavras são, para mim, objectos preciosos em si mesmos, "coisas" magníficas que me transmitem emoções independentemente do nosso costume menorizador de "prendê-las" à obrigação de "significarem" uma coisa qualquer.
A estrutura anglo-saxónica dada pela sequência "artigo definido+adjectivo", remetendo consistentemente para uma pluralicidade difusa, tão anonimizadora quanto, por isso, mesmo desumanizada e terrivelmente ameaçadora---quase poderia dizer: "maciça" e assustadoramente "opaca" no sentido em que remete para uma inapreensibilidade mais ou menos absoluta pela Razão (através da recusa da possibilidade tranquilizadora de controlá-la, enquanto ideia, pela redução a um valor quantificável e mensurável); a estrutura anglo-saxónica em causa, dizia, por exemplo, sempre me fascinou através das inumeráveis possíveis re/formulações circunstanciais, digamos assim.A ideia de "the dead", concretamente ("The Naked and The Dead", "Shut the eyes of the dead/Not to embarass anyone", do poema de Bob Dylan) nunca deixa de me causar uma profunda impresão de profundo (porque inquantificável e indefinível, abstracto terror) e é esse "fantasma" mais ou menos (sub) consciente que exorcizo (ou tento exorcizar) neste título onde há, também uma discretíssima homenagm a todos quantos foram vítimas da tortura organizada e sistemática.
Dos indivíduos como dos regimes.
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