sexta-feira, 11 de abril de 2008

"Un Chien Andalou"

Esta colagem é um tributo a um dos meus realizadores "de cabeceira": Luís Buñuel e à espantosa impressão de pura (mas excitante!) inquietação que, de mim, se apoderou quando, no velho S.N.I. fascista pude ver o seu "Un Chien Andalou", feito a meias com esse 'maluco tecnicamente perfeito' do Dali. Eu era miúdo, vinha das emoções mais primárias dos velhos cinemas pop e "de reprise" com o seu cortejo de Howard Hawks e John Fords (ou Delmer Daves e Anthony Manns...) que era (ou que são!) apenas uma parte daquilo que é o Cinema. Quando o acaso fez cruzar o meu caminho com o de Buñuel, René Clair ("Entr'act") ou até Epstein ("La Chute de la Maison Usher") num ciclo do cinema mudo francês (de que ainda guardo, religiosamente, um programa...) tive a intelectual (ou até mesmo a seminalmente) atordoadora intuição de que me tinha começado subitamente a tornar adulto e, paradoxalmente, muito vulnerável.

É tudo, todos esses estados e impressões brumosas e assustadoramente importantes que tento aqui reproduzir, numa imagem onde se insinua, ainda, muito discretamente uma observação da Dr. Eugénia Vasques sobre a possibilidade de representar Beckett com Oliver Hardy e Stan Laurel.

Ou seja da tenuíssima fronteira entre o terrível, o desesperado e o puro ou impuro grotesco

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