Esta colagem é um tributo a um dos meus realizadores "de cabeceira": Luís Buñuel e à espantosa impressão de pura (mas excitante!) inquietação que, de mim, se apoderou quando, no velho S.N.I. fascista pude ver o seu "
Un Chien Andalou", feito a meias com esse 'maluco tecnicamente perfeito' do Dali
. Eu era miúdo, vinha das emoções mais primárias dos velhos cinemas pop e "de reprise" com o seu cortejo de Howard Hawks e John Fords (ou Delmer Daves e Anthony Manns...) que era (ou que são!) apenas uma parte daquilo que é o Cinema
. Quando o acaso fez cruzar o meu caminho com o de Buñuel, René Clair ("
Entr'act") ou até Epstein ("
La Chute de la Maison Usher") num ciclo do cinema mudo francês (de que ainda guardo, religiosamente, um programa
...) tive a intelectual (ou até mesmo a
seminalmente) atordoadora intuição de que me tinha começado subitamente a tornar adulto e, paradoxalmente, muito vulnerável
.É tudo, todos esses estados e impressões brumosas e assustadoramente importantes que tento aqui reproduzir, numa imagem onde se insinua, ainda, muito discretamente uma observação da Dr. Eugénia Vasques sobre a possibilidade de representar Beckett com Oliver Hardy e Stan Laurel
. Ou seja da tenuíssima fronteira entre o terrível, o desesperado e o puro ou impuro grotesco
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