
Há uma história, muito séria, de um dos meus heróis de ficção, Spirou, onde ele e Fantasio aparecem, um dia, inexplixcavelmente negros. É uma história que faz lembrar um livro de um fulano chamado Qualquer Coisa Griffin, "Black Like Me".
É a "estória" de um fulano que, de um dia para o outro, passa pela experiência devastadora que é o testar os limites e a própria substância do poder humano, algo tão frágil que depende de uns quantos pigmentos instalados debaixo da pele!
Ou de uns tostões no bolso, como percebeu o autor de "Down and Out in Paris and London", um fulano chamado Eric Blair/George Orwell...
Porque é, na realidade, disso que se trata: a negritude pode, na in/essência, ser uma questão de fundos...
Recordo-me, por exemplo, de, na Bélgica, em '70, os congoleses, cheios de dinheiro dos diamantes, universitários de Louvaina e da U.L.B. negros como pez "passarem à frente" dos marroquinos, de pele (e hábitos) mais... claros, em matéria de prestígio... racista
A questão aqui é a de todos passarmos, afinal, sempre, num lugar e num momento qualquer pela experiência traumática de perceber que, ali, somos, de repente, afinal, para alguém ou alguma coisa, "o outro".
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