Nestes "Amantes" tento um novo exemplo ou uma nova "circunstância ilustrativa" do meu conceito particular de "comédia ontológica" que faço derivar da minha observação da Obra (sobretudo) de Beckett: Romeu e Julieta impossivelmente revisitados numa múmia e num tronco humano petrificado e decapitado (como se, sendo "amante", o fosse de forma completamente independente do seu desígnio e da sua vontade, protagonizando, pois, passivamente, não determinando, o seu papel específico no "romance").Terei (ainda que remotamente) conseguido sugerir essa ideia essencial da fragilidade e mesmo da fatuidade do desejo humano relativamente à (im) possibilidade real de condicionar, de forma verdadeiramente activa e relevante, o curso ou o funcionamento último do real?...
No trabalho, agradam-me de modo particular as colorações "fechadas" e intencionalmente silenciosas, o "peso" que parece obstinadamente para baixo a "personagem" da múmia, a volumetria premeditadamente divergente/dissonante e a própria "arrumação" física (isto é, as "marcações") das duas "personagens" principais (sugerindo, de forma expressa, a impossibilidade real de "entendimento" e de interacção entre ambas).
No trabalho, agradam-me de modo particular as colorações "fechadas" e intencionalmente silenciosas, o "peso" que parece obstinadamente para baixo a "personagem" da múmia, a volumetria premeditadamente divergente/dissonante e a própria "arrumação" física (isto é, as "marcações") das duas "personagens" principais (sugerindo, de forma expressa, a impossibilidade real de "entendimento" e de interacção entre ambas).
Mas, induzindo, sobretudo, a sugestão (que deve sempre perceber-se no trabalho) que inexiste por definição (ou por absoluta fatalidade) entre elas e a própria lógica dos "papéis" ficcionais (e críticos---da "figuração") que lhes são aqui (sarcasticamente) atribuídos.

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