sábado, 12 de abril de 2008

"Chant, Danse et Vie Quotidienne"

A esta colagem chamei: "Chant, Danse et Vie Quotidiene" e nela agrada-me, sobretudo, o registo muito... "felliniano" do provável "andrógino" (um "castrato"?) apresentado em primeiro plano.

Essa figura é o que ou a que cria (a meu ver, pelo menos) a sugestão ideal de desfixação ou de infixidez que pretendo sempre, de um modo ou de outro, re/criar numa colagem.

Aqui a questão pode, por exemplo, (começar por?) ser: quando foi "tirada" esta "fotografia" ou pintada esta "tela"?

As pessoas que ela representa (ainda?) estão vivas?

Ou... existem elas, de facto?

'Aquilo' é teatro?

Ópera?

Tragédia?

Tem algum significado a dilacerante vermelhidão do manto?

A própria ideia de "congelar" algo que, na realidade, devia mover-se já introduz, a meu ver, uma perturbação radical no próprio tecido do real, insinuando nele o questionamento e, por conseguinte, a angústia.

No limite, a alguma (às vezes boa) des-ordem.

Há, por fim, nesta colagem uma impressão global mas não demasiado óbvia de irrealidade e até de deriva em direcção a figuras caracterizadas por uma espécie de arquetipicidade brumosa e indefinida que a mim, pessoalmente, me estimula exactamente porque intuiindo que elas são, de algum modo, arquétipos, ignoro por completo de que o são.

Como se toda e qualquer possível "explicação" da realidade me passasse integralmente ao lado...

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