
Essa figura é o que ou a que cria (a meu ver, pelo menos) a sugestão ideal de desfixação ou de infixidez que pretendo sempre, de um modo ou de outro, re/criar numa colagem.
Aqui a questão pode, por exemplo, (começar por?) ser: quando foi "tirada" esta "fotografia" ou pintada esta "tela"?
As pessoas que ela representa (ainda?) estão vivas?
Ou... existem elas, de facto?
'Aquilo' é teatro?
Ópera?
Tragédia?
Tem algum significado a dilacerante vermelhidão do manto?
A própria ideia de "congelar" algo que, na realidade, devia mover-se já introduz, a meu ver, uma perturbação radical no próprio tecido do real, insinuando nele o questionamento e, por conseguinte, a angústia.
No limite, a alguma (às vezes boa) des-ordem.
Há, por fim, nesta colagem uma impressão global mas não demasiado óbvia de irrealidade e até de deriva em direcção a figuras caracterizadas por uma espécie de arquetipicidade brumosa e indefinida que a mim, pessoalmente, me estimula exactamente porque intuiindo que elas são, de algum modo, arquétipos, ignoro por completo de que o são.
Como se toda e qualquer possível "explicação" da realidade me passasse integralmente ao lado...
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