sábado, 31 de janeiro de 2009
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
"Do específico «de episteme» do 'collage'"
A principal qualidade--o principal atributo, em todo o caso--do 'collage' reside, a meu ver, argumentativamente no facto de ela permitir (e, no seu melhor induzir mesmo) que se estabeleça uma espécie de saudável e orgânica (de saudável PORQUE 'orgânica') "confusão" entre as posições de "sujeito" e de "objecto", em matéria de fruição da Arte.
Porque digo eu isto?
Porque o 'collage' é provavelmente (com toda a franqueza não me ocorre outro!) o único meio no qual o ponto-de-vista (analítico, crítico) do fruidor do objecto artístico é, por definição, parte integrante do próprio objecto.
Quando 'colo' projecto-me integralmente enquanto juízo crítico (ou "criticional", como por razões de rigor prefiro dizer) no objecto da minha fruição (ou da minha NÃO fruição: num certo sentido, para o caso, é de algum modo, completamente indiferente) demarcando, no acto, o meu próprio estatuto de sujeito desse mesmo acto e de todo o novo objecto assim, de algum modo reconhecível, (re!) construído.
No limite (e é isso que pretendo demonstrar no caso abaixo) o específico de episteme do 'collage' pode em tese situar-se completamente fora deste.
É, repito, um caso limite--mas (hipo) teticamente possível.
No objecto que se segue, a parte visual do 'collage' permanece, como se vê, literamente intocada.
A mudança de sentido (ou de "significado") ocorre no próprio título atribuído a posteriori ao 'collage'.
É através da designação contida na frase-título (desconstruída ela mesma, como é evidente, do título de um romance de Camilo--sobre o qual a frase discorre também, 'lateralmente', de resto, assim como sobre todo um certo específico romântico muito aracterístico, típico mesmo...), que o 'colleur' produz a inflecção semântica específica do 'collage'.
O dispositivo (neste caso integralmente exterior à secção puramente plástica do objecto a "colar" embora, como se vê, de modo algum, exógeno a este) que procede à mudança ou à... "rotação" ou ainda à "translação" sémica(s) do significado original da imagem "colada", agregando-lhe uma componente de sarcasmo e (óbvia!) iconoclasia que é, de alguma forma, distintiva do referido específico "cólico"...
Observem, pois, e identifiquemo "novo" (iconoclástico...) (meta) significado...
[Outras--igualmente "profanadoras...--possibilidades seriam, por exemplo, uma imagem de "um certo supermercado" acrescida da legenda "Supermercados INCONTINENTE".
Aqui o que estaria directamente em causa seria, obviamente, um juízo de natureza inequivocamente político sobre a grande propriedade, sobre o capital financeiro como mediador entre os indivíduos e as suas necessidades mais básicas e elementares: o grande capital financeiro como 'gestor' último dessas necessidades e, por conseguinte, como apropriador legal dos próprios indivíduos, mais ainda do que instrumentalmente, dos meios de re/produção, para utilizar um termo especificamente marxista.
Outro exemplo, ainda: uma imagem de um outro supermercado e, desta feita, a legenda: "Supermercados FODELO".
Nada mais: apenas, como no caso do "exemplo" acima trascrito, imagem+frase, numa paródia sarcástica do minimalismo duncional da mensagem típica de uma certa "pub" para quem os mecanismos de controlo e apropriação dos indivíduos são levados a um extremo de invasividade e mesmo de pura e simples brutalidade. De im/pura e simples violência--terrorismo--cultu(r)al...]
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
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